Oi, meus amores!
Recebi algumas mensagens perguntando porque eu tinha sumido. Eu tinha pensado em fazer um post explicando que ficaria um tempinho ausente, mas na correria do dia a dia eu fui deixando para depois e quando vi, já tinha se passado um tempão! rs
Eu aproveitei esse tempo para me dedicar a outro projeto, mas também para descansar, viajar, repensar e me conhecer melhor. Esse ano de 2016 foi muito louco pra mim. Acho que pra todos nós, não é mesmo? Eu fiz um ano de diagnóstico e muita coisa mudou na minha saúde, no meu tratamento e, principalmente, no meu psicológico. Foram muitas novidades de uma vez só e, por mais que eu tivesse uma postura receptiva com tudo, eu precisava de um tempo para digerir o que estava acontecendo.
Eu fiquei diabética no final de 2015 e entrei o ano de 2016 ainda me descobrindo e entendendo como meu corpo reagia à insulina, como minha glicemia se comportava em diferentes situações e aprendendo a lidar com os meus medos. Sim, eu tinha muitos. Principalmente, de ter as consequências do diabetes. O blog, que foi criado no dia 7 de janeiro, foi uma ferramenta indispensável na aceitação da doença como também no meu novo olhar sobre a vida e sobre o diabetes.
Aos poucos, conhecendo histórias de vida de outras pessoas doces, dividindo conquistas e trocando experiências aqui na internet e no mundo real fui percebendo que o diabetes não era uma sentença de morte e que eu poderia sim, viver numa boa com a doença. Claro que isso incluiria muitos cuidados e, principalmente, bastante estudo e informação sobre o diabetes.
Ao mesmo tempo que eu passava por isso, eu também tinha meus problemas pessoais, profissionais, familiares e tudo mais, como qualquer pessoa. Seria muito bom se a vida parasse e a gente pudesse cuidar de cada problema por vez, né? Mas como isso só acontece nos nossos sonhos, eu me vi ali me equilibrando aqui e acolá para dar conta de tudo. Muitas vezes chorei, me senti só e também me vitimizei. Quem nunca?
Eu ficava horas e horas pesquisando sobre o diabetes na internet, perguntando para conhecidos que eram diabéticos como era a vida deles, chorando, conversando com a endocrino, rezando e meditando. Mergulhei de corpo e alma, fui à vários médicos, fiz vários exames, procurei ajuda nutricional diversas vezes, li bastante artigos e informações de confiança (site da SBD, por exemplo) e fui criando a minha biblioteca particular e pessoal de experiências e informações sobre a minha nova vida, com o diabetes.
O início me assustou muito. Mas depois foi fluindo e ficando mais leve. Não existe vitória sem luta, sem conquista. Aprendi a ouvir o meu corpo e também a entender que por mais que eu tivesse tantas novas obrigações e cuidados, a vida continuava. Caberia a mim decidir qual destino seria. O que poderia parecer desesperador se transformou numa viagem muito interessante, na qual eu saí da minha zona de conforto e adentrei um mundo menos medíocre e menos automático.
Passei a dar valor à pequenas coisas, à momentos, à vida. Eu que sempre fui tão avessa aos números, passei amá-los, quando estes eram abaixo de 120 na tela do glicosímetro. Eu que sempre detestei números quebrados, passei amá-los quando no resultado da hemoglobina glicada vinha um 5,8. Passei a olhar para comida com atenção e espanto. Como colocam tanta coisa nos alimentos que ingerimos! Foi a frase do ano! rs Com isso, passei a comer melhor, nutrindo corpo e alma. Sempre. Em sintonia. Com alguns pequenos deslizes, é claro, porque não sou tão equilibrada assim.
A vida é esse eterno ganhar, perder, ter, largar, chorar, rir, amar, decepcionar-se. Descobri que para mim uma vida boa é uma vida rica. De experiências. Sejam boas ou más. O importante é a diversidade e pluralidade. Gostei tanto dessas palavrinhas que as coloquei na minha monografia da faculdade de jornalismo. Se eu pudesse resumir 2016 em poucas palavras seriam essas. Um ano de diversos aprendizados, pessoas, situações e com muita pluralidade de informação e de vozes.
Quando já estava tirando de letra toda essa mudança e convivendo super bem com o diabetes, pequenos contratempos surgiram. Testes de fé. Um controle glicêmico ruim, muitas hipos, mudança de médico, de nutricionista, mais exames, dúvidas, medos, insegurança, luta, não vou conseguir, choro, e até que…deu tudo certo!
Por um momento tive medo, mas quem é não tem diante de tanta coisa nova? Assuntos de saúde são sempre delicados, porque nos colocam frente a frente com questões que não estamos tão preparados para lidar. Vivemos uma vida muito automática, burocrática, cheia de afazeres e nos esquecemos de pensar em assuntos tão delicados e preciosos como: o que é a vida? o que eu quero fazer nesse vida? qual o meu propósito? Pensar nisso dá angústia. Mas penso que são nesses momentos de angústia, onde estamos imersos no nada, que nos encontramos. A partir da angústia que podemos construir algo novo e sair do automatismo.
Esse processo que parece hoje bem claro pra mim foi muito difícil e depois com calma vou contar para vocês. Aos poucos, aquele emaranhado de fios foram se soltando e ganhando cor e presença. Cada qual no seu devido lugar, com a sua devida atenção. Aprendi a cuidar de cada coisa: família, saúde, eu, amor, trabalho, etc. E apesar de estar sofrendo nesse calor terrível do Rio de Janeiro, posso dizer com calma e felicidade:
2016: fui e venci!
Um excelente ano para todos nós!