Às vezes, as pessoas me perguntam o que me motiva a seguir com o tratamento. Eu respondo: liberdade de viver. Pode parecer óbvio ou clichê demais, mas antes eu não tinha muita certeza do que era esse sentimento de gostar de viver, de ser livre. Eu gostava, porque sei lá. Porque tinha momentos bons. Também, achava que era livre, mesmo sem ter certeza do que era isso. Mas não era um sentimento que vinha do confronto, da descoberta do que é a vida para você.
E isso só veio quando fiquei no CTI. Lá, eu me dei conta que viver era bom demais! Que o cotidiano e suas pequenas magias me encantavam demasiadamente… Que um simples café da tarde ao lado das pessoas que eu amo já era mágico; que beber um copo d’água sozinha era uma conquista; que poder ver TV sem sentir dor era uma benção; que poder fazer xixi sozinha era sim liberdade, e o banho no chuveiro? Um empoderamento. Lá, reaprendi a viver. O que era viver de forma livre.
No meu caso, não tive muito tempo para me questionar o porquê de ter ficado diabética. Pelo histórico familiar, já esperava que isso acontecesse comigo. Eu só pensava: para que isso aconteceu na minha vida? E hoje descobri que a doença ampliou meu olhar. Fez-me mergulhar e me descobrir como pessoa e cidadã. Ter uma causa no mundo. E com a descoberta, veio a constatação: o que me motiva a seguir com o tratamento?
É a liberdade. Como assim? A doença implica uma rotina tão engessada, cheia de cuidados, de “regras”, e como você diz que isso é liberdade? Simples. Cuido-me e tenho saúde. Saúde que me leva ao shopping, que me leva ao cinema, que me leva pra viajar. Que me traz bem estar físico e emocional de ser quem eu sou. O tratamento não me aprisiona. Ele me encaminha para a liberdade. E lá não tem limites 😉